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5G, a velocidade que vem do futuro

5G, a velocidade que vem do futuro

A quinta geração de redes móveis está para breve e promete fazer magia: além de ter débitos mais elevados e uma baixa latência, promete ligar mais dispositivos por quilómetro quadrado. A par com estas melhorias, o 5G permitirá ainda uma maior conectividade entre aparelhos, com a Internet of Things (IoT) a tomar o papel principal.

 

Quando nos anos 70 e 80 do século passado os filmes de Hollywood apresentavam carros voadores - como o épico Blade Runner -, ou, já no início do século XXI, o Inteligência Artificial, que substituía pessoas por robôs, tudo isto não passava de ficção científica. Era a futurologia a funcionar: esperava-se que, eventualmente, fossem realidade um dia, mas ainda sem local ou data marcada.

 

Porém, passo a passo, pouco a pouco, o futuro chega todos os dias. Quem, há uma dúzia de anos, acreditava que seria possível fazer transferências bancárias através do telemóvel, ou imprimir tecidos orgânicos com bio impressoras? E, se os carros autónomos, sem condutor, são hoje uma realidade, os veículos voadores não devem tardar muito a surgir no horizonte. Além de automóveis inteligentes, também a sua casa pode ser controlada à distância, e ao sair do emprego programar o forno para que o jantar esteja pronto ao chegar a casa, ou obter a lista de faltas de alimentos fornecida pelo seu frigorífico.

 

Mas, para que tudo isto seja possível, para que o futuro possa existir, as redes são a base invisível de toda a magia. Assim, a evolução das redes móveis tem sido muito rápida para que possa responder cada vez mais às necessidades da sociedade atual.

 

Primeiro, a tecnologia 3G, lançada no início do novo século, veio permitir um acesso mais rápido à internet nos telemóveis, ainda que a baixas velocidades quando comparadas com os padrões atuais. Com esta tecnologia foi possível ter televisão, videoconferência, vídeo on demand, ou GPS nos dispositivos móveis. Seguiu-se uma melhoria da terceira geração de redes móveis, o 3,5G e, muito recentemente, surgiu a 4G, a tecnologia atualmente em utilizada pelos smartphones. Esta geração está disponível não apenas em telemóveis mas também em câmaras de vídeo, câmaras fotográficas, notebooks, auto-rádios e todo o tipo de terminais com acesso a wi-fi. Permite ainda ao utilizador ver filmes e vídeos on streaming ao mesmo tempo que conversa com amigos e está atento às redes sociais.

 

A magia da quinta geração móvel

Neste momento, a quinta geração móvel é a próxima varinha de condão. Dela espera-se um passo de gigante num futuro cheio de possibilidades, pois o mundo está a tornar-se cada vez mais móvel. Com mais de 4 mil milhões de utilizadores de internet nos cinco continentes, o consumo de dados tem crescido a uma velocidade alucinante. Se o 4G e o 4,5G já permitem velocidades incríveis no acesso à internet móvel, o 5G vem  possibilitar ainda uma maior velocidade na transmissão de dados, uma menor latência (menos tempo de resposta) e uma maior capacidade para conectar muitos mais aparelhos e dispositivos ao mesmo tempo, sejam eles em automóveis, fechaduras eletrónicas, eletrodomésticos, câmaras de segurança e tantas outras aplicações da Internet of Things (IoT).

 

Ao contrário das gerações anteriores, muito orientadas para o mercado de consumo, o 5G tem o seu grande foco na viabilização de um conjunto significativo de aplicações de âmbito empresarial e industrial muito relevantes para o desenvolvimento económico dos países, conforme nos explica Jorge Bonifácio, responsável pela Estratégia de Redes da Altice. “Além de débitos mais elevados, duas das caraterísticas mais distintivas do 5G são a sua baixa latência - tempo que a comunicação demora a chegar entre dois pontos – e o número de dispositivos ligados por quilómetro quadrado. Estes fatores vão permitir que esta tecnologia viabilize comunicações críticas e o uso massivo da Internet of Things em áreas como a robótica e automatização da indústria (Industria 4.0), sejam veículos autónomos ou cirurgias à distância”, explica o especialista. E esta é a razão pela qual os governos dos vários países consideram esta tecnologia essencial para a sua competitividade, conduzindo a uma clara concorrência entre os diversos continentes na aceleração da sua implementação.

 

A maioria dos países não deve lançar a quinta geração móvel antes de 2020, mas alguns estão já a tentar posicionar-se na pole position, como a Coreia do Sul e a China que estimam arrancar as operações já em 2019. Para já, nesta primeira fase, e “tal como nas gerações anteriores, o seu lançamento segue um conjunto de passos que inclui a estandardização (que garante a interoperabilidade entre redes, terminais e aplicações), disponibilização de espectro, fabrico e implementação das soluções técnicas, desenvolvimento de terminais e aplicações”, explica Jorge Bonifácio.

 

A Comissão Europeia constituiu, em Fevereiro de 2018, um Observatório Europeu 5G para monitorizar atentamente o progresso dos objetivos da conectividade europeia, tendo em vista um Mercado Único Digital já em 2025. A implementação desta nova tecnologia tornou-se um objetivo estratégico para a União Europeia, já que se estima que gere um volume de negócios que ascende a 130 mil milhões de euros anualmente e que crie cerca 2,5 milhões de postos de trabalho até 2025. Está, por isso, a investir cerca de 200 milhões de euros em grandes projetos pré-comerciais em infraestruturas através de Parcerias Público-Privadas.  

 

Portugal também na linha da frente

Por cá, a Anacom – Autoridade Nacional de Comunicações, a entidade reguladora do setor, está igualmente a preparar o lançamento do 5G e anunciou que iria libertar para este efeito a faixa dos 700MHz, atualmente utilizada pelo TDT, que por sua vez migrará para uma nova faixa de frequência. Prevê-se que a transição de rede comece no último trimestre de 2019 e que decorra até ao verão de 2020, e só nesta altura ficará disponível ao público.

 

Em Portugal o serviço móvel de internet está em crescimento acelerado e atingiu os 7,2 milhões de utilizadores no final do primeiro semestre de 2018, segundo dados revelados pela Anacom. Para já, e uma vez que os objetivos e complexidade do 5G são bastante ambiciosos, a entrega desta tecnologia será faseada e estandardizada, o que permite a interoperabilidade e os efeitos de escala necessários para a sua massificação. “Adicionalmente, o 5G requer novos blocos de espectro para os quais ainda não existe um calendário estabelecido pela Anacom para a sua atribuição”, explica Jorge Bonifácio.

 

E as empresas começam a posicionar-se na linha de partida. A Altice, em parceria com a Huawei, apresentou já um terminal pré-comercial 5G, que funciona com a sua rede, e alinhada com a agenda definida pela União Europeia, reitera a sua posição de liderança no desenvolvimento desta tecnologia. “A Altice tem vindo a desenvolver diversos estudos e projetos no âmbito do 5G, nomeadamente através da Altice Labs, que integra diversos consórcios responsáveis pelo desenvolvimento de projetos europeus de investigação, e pela MEO que, em conjunto com os seus parceiros tecnológicos, tem vindo a experimentar os mais recentes desenvolvimentos. Neste âmbito já foram demonstradas velocidades de pico de 1,5 Gbps em Junho 2018, numa solução de rede e terminais pré-comercial, bem como vídeo 360º e holografia durante o Web Summit que ocorreu em Novembro de 2018”, explica o responsável pela Estratégia de Redes da empresa. E, para este especialista, “a Altice pretende manter-se, como tem sido usual, na linha da frente destes desenvolvimentos, quer ao nível da experimentação como da disponibilização de novas soluções aos clientes”.

 

A GSMA Intelligence, multinacional de análise e dados para a indústria das comunicações móveis, estima que o 5G represente mais de 30% do total das ligações móveis na Europa em 2025, com cerca de 214 milhões de utilizadores. Uma pesquisa da Gartner, multinacional de consultoria, conclui que cerca de 57% das empresas pretende utilizar o 5G para suportar a comunicação com a Internet of Things, um dos drivers fundamentais do investimento em tecnologia das empresas mundiais.

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