Alojamento "gratuito" na cloud?
Hoje em dia falar de alojamento de dados na cloud, ou nuvem, na versão portuguesa, implica falar de uma imensidão de serviços disponíveis. Muitos deles com a designação “gratuito” como bandeira diferenciadora para a concorrência. Mas, principalmente quando se trata de dados sensíveis, como os dados de uma empresa, o gratuito é algo que não existe.
As vantagens da cloud, por norma, são rapidamente esquecidas quando um decisor sente o perigo de perder o controlo dos seus dados ou fica sem perceber bem onde paira a nuvem que contém os seus dados. Por isso, muitas vezes, a decisão acaba por cair sobre a aquisição e instalação de servidores locais. Com todos os custos de investimento e riscos que essa decisão também acarreta.
Porque razão existem serviços gratuitos de alojamento na cloud e têm tantos subscritores?
Há uma imensidão de respostas, como serviços Over the Top (OTT), serviços como o Google drive, que complementa a oferta de serviços para os utilizadores. Uma forma de os fidelizar com um serviço gratuito que, quando necessita de mais capacidade, terá de fazer um upgrade, pagando.
Quando se opta por um serviço pago, para alojar na cloud a informação da empresa, os custos variam, mas há um valor transversal, o da confiança, que os gratuitos não podem oferecer.
Mas, regra geral, há uma vantagem que os operadores destes serviços obtêm: dados pessoais e conteúdo. Quando recebe emails com origens duvidosas, deve pensar, em primeiro, como alguém obteve o seu email? Na maior parte dos casos, acredite, o seu email foi incluído em listas autorizadas por si, de forma “voluntária”.
Se ler os termos e condições dos serviços “gratuitos” verá que, de forma mais ou menos clara, está lá escrito que permite a partilha dos seus dados com “empresas parceiras” do detentor do serviço que está a subscrever.
No caso de alojamento em cloud, o dropbox será um dos mais conhecidos. Nos seus termos e condições, pode ler-se, por exemplo, o seguinte: “Nossos Serviços também fornecem recursos como miniaturas de fotos, pré-visualização de documentos, organização de e-mail, classificação facilitada, edição, compartilhamento e pesquisa. Esses e outros recursos podem exigir que nossos sistemas acessem, armazenem e varram os Seus arquivos. Você nos dá permissão para fazer essas ações, e essa permissão se estende a nossas afiliadas e a terceiros de confiança com quem trabalhamos”.
Ou seja, o utilizador autoriza que todos os seus dados sejam vistos e acedidos por uma imensidão de pessoas sobre as quais nada sabe.
Já o Google, refere: “Quando fizer upload, submeter, alojar, enviar ou receber conteúdo através dos nossos Serviços, dá ao Google (e aqueles com quem o Google trabalha) uma licença mundial para usar, alojar, arquivar, reproduzir, modificar, criar trabalhos derivados (tais como os que resultam de traduções, adaptações ou outras mudanças que fazemos para que o seu conteúdo funcione melhor com os nossos Serviços), comunicar, publicar, apresentar ao publico, mostrar publicamente e distribuir tal conteúdo”.
Basicamente, os utilizadores estão a dar permissão e a ceder por completo os direitos sobre os seus conteúdos. Regendo-se, obviamente, pela legislação norte-americana.
Por isso, para as empresas que realmente prezam o sigilo e segurança dos seus dados e conteúdos, convém optar por uma empresa na qual confiam, que se rege pelas leis portuguesas e europeias e que garanta a total privacidade dos dados alojados na cloud.
Qual o custo da “confiança”?
Quando se opta por um serviço pago, para alojar na cloud a informação da empresa, os custos variam, mas há um valor transversal, o da confiança, que os gratuitos não podem oferecer.
Os serviços gratuitos são bastante úteis, permitem o acesso mais democrático a plataformas que de outra forma seria impossível chegar. Mas, quando se entra no campo empresarial, quando se fala de dados sensíveis, o tema fica mais sério.
Basta referir que, pelo menos nos serviços que o fazem de forma clara, muitas vezes o alojamento gratuito na cloud não assegura o backup dos ficheiros lá colocados.
Para as empresas portuguesas, por exemplo, onde cerca de 95% do tecido empresarial se encontra na designação de PME (Pequenas e Médias Empresas), o alojamento em português, com facilidade de atendimento personalizado, 24 horas por dia, pode fazer toda a diferença quando se fala em segurança e confiança.
Na hora de decidir, perante a enorme variedade de serviços, com os custos muito semelhantes entre operadores, o factor decisivo pode estar na proximidade e nível de serviço de atendimento ao cliente. E, já agora, saber a localização da nuvem onde os dados estão guardados!