Brexit: A separação do Reino Unido da UE pode afetar o seu negócio?
Ainda faltam alguns passos para concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia, mas tudo indica que a decisão do referendo vai concretizar-se até 2018 e vai ter impacto na economia de vários países e empresas na zona euro.
A notícia da decisão da maioria dos britânicos de sair da União Europeia foi amplamente noticiada, e o Brexit passou a ser uma das palavras mais referidas na comunicação social e também nas redes sociais, estando como candidata a Palavra do Ano em Portugal. O referendo gerou uma série de decisões políticas e até a queda do primeiro-ministro, mas a verdade é que ainda ninguém consegue prever o impacto económico da medida, e todas as previsões são meras especulações.
Um inquérito realizado pela Oracle revela que, apesar da incerteza gerada, as empresas na região da Europa, Médio Oriente e África (EMEA) vão continuar a investir e a procurar novas oportunidades de negócio e de crescimento no Reino Unido. “As empresas sabem que não podem esperar por uma clarificação da situação criada em junho, sob pena de perderem competitividade e de não aumentarem as suas quotas de mercado”, esclarece o estudo.
O relatório ‘Stepping into the Unknown’ mostra que 41% das empresas inquiridas dizem ter sido apanhadas de surpresa, e que estão a tentar lidar “o melhor possível” com a situação. Quase metade dos inquiridos (46%) afirmaram que o seu planeamento se tornou mais complexo depois do Brexit, e 44% garante ter já desenvolvido planos de contingência, que são regularmente atualizados, para assegurar que as suas empresas se adiantam às eventuais alterações que possam vir a suceder.
Os diretores financeiros esperam que, nestas condições, venham a ocorrer mudanças significativas no ambiente concorrencial. 50% acreditam que mais empresas irão ter dificuldades, enquanto 59% esperam que venha a haver mais fusões e aquisições e um maior nível de consolidação.
Mesmo assim as empresas sabem que não podem esperar pela clarificação da situação política, que pode acontecer só em 2018, até porque a concorrência pode aumentar. Por isso vão manter investimentos estratégicos naquele que é um dos maiores mercados europeus.
20% dos turistas que visitam Portugal são oriundos do Reino Unido
Quais são as implicações para as PME portuguesas?
Em 2015 as exportações portuguesas de bens e serviços para o Reino Unido ultrapassaram os 7 mil milhões de euros, o que coloca este mercado na quarta posição entre os mais relevantes para o comércio externo, e por isso todos os cuidados são poucos. As áreas mais afetadas com a saída do Reino Unido da União Europeia podem ser mesmo a exportação de bens e o Turismo, não sendo de desprezar também as vendas online, onde o mercado britânico é um dos mais fortes. Mas há mais fatores a considerar, nomeadamente para quem recorria a fornecedores britânicos.
A desvalorização cambial da Libra que se deverá agudizar com a saída do Euro pode levar à substituição de fornecedores de bens e serviços para entidades com estruturas de produção diferentes.
Numa economia cada vez mais suportada no Turismo, é ainda de considerar a possibilidade da redução do fluxo de turistas oriundos do Reino Unido, que representam cerca de 1/5 dos turistas que visitam Portugal. O efeito será negativo sobretudo nas estadias turísticas e na restauração, em particular em Lisboa, Algarve e Madeira.
Os analistas destacam ainda a possibilidade de deslocalização de pessoas, empresas e centros de decisão na sequência do Brexit. Este é um fator de risco mas também de oportunidade, já que Portugal pode atrair este talento e investimento de empresas que decidem não se manter no Reino Unido por receio de bloqueios económicos e de circulação de pessoas.
Vale a pena começar já a avaliar quais são os seus interesses e impactos neste mercado, a nível de clientes, exportação de bens e serviços mas também de fornecedores, para se preparar para esta nova realidade.
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