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Castanha assada: há coisas que continuam a resistir à tecnologia. E ainda bem!

Castanha assada: há coisas que continuam a resistir à tecnologia. E ainda bem!

No rescaldo da Web Summit fala-se de tecnologia, do erro e respetiva correção do cartaz de Lisboa sobre "fazer pontes" e de Castanhas. Em dia de São Martinho, dá para pensar que haverá coisas que a tecnologia nunca deverá mudar, pelo menos enquanto houver pessoas que tenham o ritual de comprar o fruto do castanheiro, de forma saudosista.

 

O cheiro e sabor das catanhas ajuda a fazer esquecer o frio ao mesmo tempo que nos transporta para a infância, para aquele momento em que nos lembramos dos dias em que ainda se apregoava "quem quer quentes e boas". Assim que termina o verão, muitos anseiam pela chegada dos dias frios e das "carripanas" dos vendedores de castanhas que ocupam algumas das esquinas das cidades. Em Lisboa, há pontos fixos há anos. Sempre os mesmos castanheiros, no mesmo local, a atiçar a fornalha.

 

Um deles é Afonso Sereno, Castanheiro há 25 anos e com poiso regular na zona do Areeiro. Hoje, excepcionalmente a assar castanhas na zona do Saldanha, recusa que um dia a tecnologia possa substituir os castanheiros tradicionais. 

Afinal, o sabor, os cheiros, contribuem para a felicidade. 

Os que têm a cabeça plena de ideias podem pensar de imediato, sim, é possível ter umas carripanas tecnológicas, conduzidas de forma autónoma, que assam castanhas e as vendem sozinhas. Mas, será a mesma coisa? Perante toda a tecnologia que já existe, esta é uma realidade que pode ser aplicada desde já.

 

Afonso Sereno acredita que a mão humana ainda faz a diferença na qualidade da castanha assada. Enquadra-se no grupo de pessoas que, tal como referido durante o Web Summit, tem uma profissão que, de um dia para o outro, pode ver o seu trabalho feito por uma máquina.

  

Os carros com condução autónoma já existem e é possível enviá-los para um local especifico e monitorizar o negócio à distância. As máquinas de venda de artigos também são usadas há muitos anos, e ter um forno incorporado, que recebe um punhado de castanha, as assa durante 10 ou 12 minutos e as distribui aos clientes mediante um pagamento feito com telemóvel, também.

 

Mas, além das questões que foram levantadas na Web Summit sobre os milhões que ficará desempregados, será que estas castanhas autónomas terão o mesmo sabor? Quem aprecia boa cozinha sabe que uma refeição precisa da mão do cozinheiro. Faz falta algum sentimento na confeção. Este será também um dos segredos na assadura das castanhas.

 

"Como é que isto assava sozinho, deitar o sal, atiçar o carvão?", questionou Afonso Sereno, intrigado com a pergunta.

 

Quem gosta, e costuma comer castanhas assadas, sabe que há umas melhores do que outras, e sabe que quando compra ao castanheiro da rua ficam mais saborosas do que as assadas em casa. Falta ali qualquer coisa!

 

Por isso, em plena explosão tecnológica, e tal como enfatizado durante o Web Summit, é importante os governos discutirem como vão encarar o desemprego de milhões mas, ao mesmo tempo, compete aos consumidores ajudarem a manter alguns negócios tradicionais. Afinal, o sabor, os cheiros, contribuem para a felicidade.

 

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