Cidades inteligentes: as tecnologias ao serviço do cidadão
Em 1950 apenas 30% da população mundial vivia em cidades. Hoje a maioria da população é urbana e, no mundo desenvolvido, mais de 80% vive em aglomerados urbanos, esperando-se que por volta de 2050 esta distribuição se generalize no planeta.
Neste contexto, assegurar o crescimento competitivo e sustentável dos espaços urbanos coloca hoje importantes desafios às entidades gestoras municipais. Estas têm de gerir de forma mais eficiente os recursos disponíveis, melhorar e diversificar os serviços prestados, tornando-os mais rentáveis, acessíveis, eficientes e ajustados às necessidades do cidadão.
Simplificar a vida das pessoas
Disponibilizar serviços acessíveis e fáceis de utilizar implica também simplificar processos e garantir ao cidadão o acesso à informação em qualquer lugar, para que possa escolher quais os serviços que quer utilizar, como e quando.
Na sua essência, uma smart city é uma cidade que usa a tecnologia para ser mais competitiva e produtiva, mais participativa e transparente, mais solidária e plural, mais verde e eficiente no consumo de recursos.
Assim, a tecnologia, em concreto as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), ganha um papel essencial nas cidades, ajudando-as a responder aos desafios colocados.
Os sensores que integram a internet das coisas (Internet of Things - IoT) assumem também relevância crescente, alimentando os sistemas com informação sobre diferentes processos.
Investir no futuro
De acordo com o estudo da Gartner "Smart Cities Will Include 10 Billion Things by 2020 - Start Now to Plan, Engage and Position Offerings" as smart cities vão recorrer a 2,6 mil milhões de dispositivos ligados em 2017, número que chegará aos 9,7 mil milhões em 2020.
Segundo o estudo, as casas e edifícios inteligentes representam mais de 45% do investimento nesta área, mas essa percentagem vai aumentar até 2020, quando deverá absorver 81% do valor investido.
Requisitos de uma Smart City
A Comissão Europeia define a cidade inteligente, ou smart city, como o local onde as redes e serviços tradicionais são tornados mais eficientes pelo uso de tecnologias digitais e de telecomunicações para benefício dos seus habitantes e negócios.
Na sua essência, uma smart city é uma cidade que usa a tecnologia para ser mais competitiva e produtiva, mais participativa e transparente, mais solidária e plural, mais verde e eficiente no consumo de recursos. Os sensores, aplicações, soluções e restante tecnologia aplicada a uma cidade são apenas o meio. O fim é o que se faz com todos esses dados e informação para gerar valor e benefícios para todos aqueles que vivem ou de alguma forma usufruem da cidade.
Cidades europeiras com inteligência à vista
Como estamos em termos de inteligência nas cidades da União Europeia? O estudo “Mapping Smart Cities in the EU” menciona que há cidades inteligentes em cada um dos 28 estados-membros da União Europeia, com a Áustria, Dinamarca, Noruega, Suécia, Estónia e Eslovénia a registarem maior número. O Reino Unido, Espanha, Portugal, Holanda e Bélgica ficam num grupo designado como intermédio, com menor percentagem de smart cities mas ainda assim mais bem posicionados do que a Irlanda, França e Alemanha.
Como criar uma smart city
A inclusão e a participação surgem entre os principais fatores de sucesso de uma smart city, assim como o envolvimento ativo dos cidadãos e a criação de um gabinete central que faça a articulação entre ideias, projetos, stakeholders e beneficiários.
Os casos mais bem-sucedidos partiram de objetivos claros e sistemas de medição de metas definidas, mas também de uma forte governação, um business case bem implementado e vantagens concretas.
Como nota adicional fica a recomendação de que no desenvolvimento de uma smart city os objetivos estejam alinhados com as estratégias de inovação e desenvolvimento do município e com as metas da estratégia Europa 2020, que em muitos casos tocam as áreas de melhoria da inteligência e bem-estar dos espaços urbanos com recurso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).