Cidades inteligentes são as que atraem os jovens talentos
Portugal sofre com a desertificação do interior e, numa altura em que se fala de carros autónomos, redes 5G, ligações de Internet com débitos superiores a 1Gbps, há algo que para as cidades é mais importante: fixar pessoas, atrair talento jovem e evitar a desertificação. Por isso, uma cidade inteligente é muito mais do que apenas tecnologia, essa é a conclusão dos autarcas que são, neste momento, responsáveis pela gestão dos diversos concelhos nacionais.
O termo cidade inteligente é um pouco ambíguo e pode, muitas vezes, deixar no ar uma ideia errada. Uma cidade inteligente está dotada de tecnologias, que podem ir desde o acesso à Internet, gestão dos semáforos ou iluminação pública, mas também são cidades que estão dotadas de sistemas que ajudam os cidadãos a ter uma vida mais saudável e sustentável. Tal como recordam os autarcas, uma boa medida, que funciona numa grande cidade, pode não se adaptar da mesma forma a todos os concelhos.
"Não é a tecnologia a empurrar as cidades, são as cidades, dentro das suas próprias estratégias a aplicar a tecnologia", tal como refere António Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal de Viseu e vice-presidente da Associação Nacional de Municípios. E dá como exemplo "a desmaterialização do relacionamento [das autarquias] com os próprios cidadãos" ou a mobilidade.
Nesta área, o autarca aponta como referência a implementação em Viseu do primeiro veículo elétrico autónomo. "ninguém esperaria que Viseu fosse a primeira cidade a ter um veículo autónomo", refere Almeida Henriques.
Os Fundos Comunitários são uma fonte importante de financiamento para desenvolver as cidades do futuro.
Pensar as cidades inteligentes é mais do que implementar tecnologias. Esta é uma das grandes conclusões retiradas do evento Portugal Smart Cities, que percorreu o país com o objetivo de partilhar conhecimento relativamente à inteligência urbana e que juntou, no Centro de Congressos de Lisboa, os autarcas, Governo e empresas, com o objetivo de definir estratégias para o futuro.
No entanto, tal como afirmou o autarca de Albufeira, "não se pode copiar uma coisa de um lado para o outro, há que saber adaptar". E é, precisamente, nesta capacidade de adaptação que as autarquias portuguesas estão a trabalhar de forma a beneficiar as suas populações. Nas declarações dos representantes das autarquias de Albufeira, Seixal, Viseu, Portalegre, Ponta Delgada e Guimarães, uma cidade inteligente é crucial para fixar cidadãos e evitar a desertificação.
"Cada casal que conquistamos para uma aldeia é uma grande conquista", adianta Almeida Henriques. No entanto, sublinha, "não o podemos fazer se não houver acesso a Internet ou telemóvel". Este é um exemplo de como as políticas públicas podem marcar a diferença. "Rapidamente tem de haver um plano nacional para cobertura destes territórios de baixa densidade", referiu o vice-presidente da Associação Nacional de Municípios.
Quando se fala de "cidade inteligente", é preciso ir mais longe do que apostar apenas nas tecnologias de informação. Esta é a visão do autarca da Albufeira que dá, como exemplo, a variação do número de habitantes nas diversas épocas do ano no concelho que faz com que, um "simples" desfibrilhador, colocado nas ruas e com a formação alargada, pode salvar vidas durante os meses de maior procura.
Uma das frases que, não sendo nova, resume bem aquilo que têm de ser as cidades do futuro, foi dita pelo vereador da cidade de Guimarães: "a melhor maneira de prever o futuro, é inventá-lo". E para essa invenção, é preciso atrair talento, fixar pessoas, empresas, melhorar as condições de vida no interior do país.
É nestas vertentes que as autarquias estão a apostar para dotar as cidades de inteligência urbana. Do lado das Startups, da inovação, continuam a surgir tecnologias que permitem poupar os recursos e, ao mesmo tempo, contribuir para a qualidade de vida aos habitantes.
Os autarcas reconhecem a necessidade de tornar as cidades inteligentes mas também realçaram que é imperativo haver verbas para investimento. Nomeadamente dos Fundos Comunitários. António Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal de Viseu, já fala mesmo do horizonte 2030 para se preparar este futuro.
O veículo elétrico autónomo que irá ser disponibilizado em Viseu é apenas um dos exemplos onde a evolução da tecnologia irá permitir o funcionamento 24 horas por dia, praticamente sem ruído e sem necessidade de aumentar drasticamente a carga laboral.
E também, ao nível dos postos de trabalho este pode ser um dos exemplos a seguir já que Almeida Henriques assegura que os maquinistas que atualmente operam o funicular, irão ser direcionados para outras atividades ao nível dos transportes da cidade. Porque, afinal, há sempre uma alternativa.
O próximo passo do grupo de trabalho da Associação Nacional dos Municípios responsável por levar até às cidades a inteligência urbana, é, precisamente, ir ao encontro das regiões mais interiores como Alentejo, Interior das Beiras e Trás-os-Montes.
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