Comércio local: da tradição à inovação
Retrosarias, livrarias, alfarrabistas ou lojas de chás e cafés: estes são apenas alguns dos negócios tradicionais, que tendem a desaparecer.
Os estabelecimentos do antigamente, que animavam a vida dos bairros, deram lugar às grandes superfícies, como centros comerciais e hipermercados, espaços preferenciais no que toca aos atuais hábitos de consumo.
Uma relação de confiança
No entanto, no comércio de proximidade, o consumidor é muitas vezes quase um membro da família, alguém cujos gostos se conhece e é até tratado pelo nome. Esta é uma relação que em muitos casos atravessa gerações e se baseia na confiança mútua. Um lojista não hesitará em recomendar um artigo em detrimento de outro, mesmo que vá contra o desejo inicial do cliente. Nos estabelecimentos de comércio tradicional não há lugar ao “não temos” puro e simples. Caso o produto pretendido esteja indisponível, será prontamente pedido aos fornecedores, aconselhado um outro ou até uma loja ou empresa onde possa ser encontrado.
A pandemia trouxe uma luz ao fundo do túnel, mostrando que a dependência destes estabelecimentos pode ser bem maior do que parece. Muitos encontraram na mercearia da esquina uma alternativa ao hipermercado, evitando assim deslocações. O distanciamento social terá, por seu turno, levado à valorização do tratamento personalizado e ambiente intimista daquelas pequenas lojas, ali a dois passos de casa.
A preferência por este comércio foi confirmada, na altura, por diversos estudos, como o levado a cabo em setembro de 2020 pela Mastercard, que revela que 82% dos portugueses tinham a intenção de comprar no comércio local. Mais de metade dos inquiridos (51%) apontava as filas menores do que nos supermercados como razão para a escolha, 50% alegava a ausência de deslocações e 49% a conveniência. Mas, na verdade, o hábito de comprar local é uma tendência surgida antes dos tempos do coronavírus. No início de 2019, o Barómetro Europeu do Observador Cetelem, nesse ano dedicado ao tema Pensar Local, Agir Local, concluía que 53% dos portugueses consideravam uma prioridade o incentivo à aquisição de produtos endógenos.
Tradição e economia local
Algumas destas lojas vão muito mais além do simples espaço comercial. Fazem parte do património das cidades e dos bairros, sendo por isso alvo de diversas iniciativas para a sua preservação. Lisboa foi pioneira nestas iniciativas quando, em 2015, lançou o Lojas com História. O programa inclui mais de 160 estabelecimentos, aos quais a Câmara Municipal de Lisboa oferece uma série de regalias, entre benefícios fiscais e suspensão de atualização das rendas. Já em 2023, a capital portuguesa criou com Barcelona, Paris e Roma uma aliança para a preservação e proteção de lojas emblemáticas e históricas que, pretende, por exemplo, alertar vários organismos europeus para a defesa deste património.
O comércio de proximidade constitui uma alavanca para a economia local. Ao fazer compras num estabelecimento de proximidade, o consumidor está a apoiar empresas que pagam impostos localmente, que se abastecem em outras também locais e criam empregos na proximidade. Para além do mais, a preferência por produtos locais leva a uma menor pegada ecológica. Em causa estará uma redução na emissão de gases com efeito de estufa no transporte, na refrigeração e ainda menos embalagens de plástico e de outros materiais não biodegradáveis, já que a distância mais curta não implica um acondicionamento tão resistente.
Apoios à transição digital
Mas serão as vantagens inegáveis do comércio local o bastante para que sobreviva e evolua? A resposta é não. O futuro do setor passará indubitavelmente pela transformação digital. Este é um processo nem sempre de fácil acesso à maioria dos empresários, havendo por isso diversos programas de apoio. É o caso do Comércio Digital. Da responsabilidade da ACEPI - Associação da Economia Digital, este programa cofinanciado pelo Compete 2020, Portugal 2020 e EU-FEDER tem como objetivo mobilizar os micro, pequenos e médios empresários portugueses para a digitalização dos seus negócios. Tal passa pela ativação de uma presença digital, da incorporação de tecnologia nos modelos de negócio e pela desmaterialização dos processos com clientes e fornecedores através do recurso às TIC. Graças à presença digital, as microempresas e PME conseguem captar novos clientes, tanto no meio físico quanto no digital, aceder a novos mercados nacionais e internacionais e ainda otimizar os processos de organização. O programa Comércio Digital leva a cabo diversas iniciativas, entre as quais webinars e workshops temáticos.
De salientar ainda o Selo Confio, iniciativa em parceria com a DECO – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor e a Associação DNS.PT. Este atesta, através de um logotipo em formato digital, que o website do negócio cumpre com todas as melhores práticas do e-commerce a nível nacional e europeu.
Outra das iniciativas desta plataforma é o programa para capacitação de aceleradoras do comércio digital. Abrangido pelo Plano de Recuperação e Resiliência, este conta com uma verba de 55 milhões de euros, destinados a capacitar as micro, pequenas e médias empresas no comércio, serviços, restauração e similares no seu desenvolvimento e maturidade digital. O alcance desta medida abrangerá 30 mil empresas e passará por várias fases. As aceleradoras ficam responsáveis pela execução de um diagnóstico da maturidade digital de cada empresa, pela elaboração de um plano estratégico individual e ainda pelo apoio à aquisição de serviços e incentivos específicos no âmbito do Catálogo de Serviços de Transição Digital. Igualmente incluído no Plano de Recuperação e Resiliência está o programa Bairros Comerciais Digitais (BCD).
Com o objetivo de modernizar o comércio de proximidade, a iniciativa visa 25 mil estabelecimentos, num investimento elegível de 77,5 milhões de euros. Os 95 projetos aprovados entre as 160 candidaturas recebidas incluem medidas diversas, como plataformas online com a oferta comercial local, novidades, promoções ou eventos; pontos de acesso à internet para os clientes das zonas comerciais ou a gestão inteligente da venda e da entrega de encomendas. A estes juntam-se sistemas de gestão de tráfego ou de estacionamento inteligentes; aplicações móveis que agilizem e facilitem os processos de compra e venda e estruturas interativas de rua com toda a informação do bairro. A Região Norte encabeça a lista de dotação de fundos (30 BCD), seguindo-se o Centro (32 BCD) e Lisboa (10 BCD). Alentejo (10 BCD) e Algarve (7 BCD) vêm logo a seguir. Açores e Madeira ocupam o fundo da tabela, com respetivamente 4 e 2 Bairros Comerciais Digitais.
Por um Natal local
Atenta à importância deste segmento, a MEO Empresas apoia o comércio tradicional local. A mais recente campanha tem como lema “Por um Natal Local” e apresenta diferentes tipos de negócios de proximidade, tanto em Portugal Continental como nos Açores e Madeira, a dois passos das lojas MEO. Aceite o desafio e faça compras nestas lojas tradicionais, tão importantes para a economia do País. Do bacalhau para a consoada aos bombons para a avó, passando pelos livros para os mais pequenos: vai encontrar de tudo para um Natal ainda mais feliz.
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