Exame de condução para Inteligência Artificial
O futuro continua a ser desenhado a cada dia que passa e no que respeita a tecnologias, a Inteligência Artificial continua a ser a que domina e se assume transversalmente em todos os sectores.
E se há áreas onde a aplicação da IA pode e está a ser feita sem levantar questões éticas ou colocar pessoas em risco, na condução autónoma as coisas são bem diferentes. Para combater os problemas e entraves existentes, foi lançada a ideia de criar exames de condução para os veículos autónomos antes de poderem circular nas estradas.
Este sistema de controlo foi apresentado na Web Summit pelo ITU focus Group, presidido por Bryn Balcombe, fundador da ADA (Autonomous Drivers Alliance). A ideia é estabelecer padrões internacionais para monitorizar e avaliar o desempenho dos condutores virtuais controlados pela Inteligência Artificial aplicada à condução.
No transporte de mercadorias, poderá ser dispensada a presença humana no interior dos veículos
O lançamento de veículos autónomos é visto como crucial para reduzir o número de mortes que se registam anualmente nas estradas. Basta referir que o número dos acidentes de viação lideram as causas de morte em crianças e jovens adultos entre os 5 e os 29 anos (mais do que os causados pelo VIH e tuberculose).
Mas também se podem encontrar muitas vantagens ao nível da segurança e competitividade nas empresas. Um negócio dedicado aos transportes poderá, num futuro próximo, ter veículos autónomos para realizar a distribuição de produtos permitindo mais horas de condução sem o risco de cansaço do condutor que pode ir a descansar durante o percurso. Mas, nestes casos, será necessária a presença humana durante a viagem?
Na maior parte das vezes, quando se fala de veículos autónomos apenas se foca no carro ligeiro tradicional, para transporte de passageiros. E aí, haverá sempre a presença humana durante os trajetos. Já no transporte de mercadorias, poderá ser dispensada a presença humana no interior dos veículos podendo, por exemplo, passar os condutores a monitorizar o veículo à distância, através de câmaras e sensores. Em última instância, poderão mesmo manobrar o veículo, tal como sucede com os operadores de drones militares.
E aqui, também as cartas de condução terão de obedecer a regras diferentes para integrar a condução tradicional com a lógica das viaturas autónomas.
Confiança nas máquinas?
A confiança das pessoas é a chave para a perfeita integração dos veículos autónomos sendo o primeiro objetivo deste grupo validar que o comportamento de condução dos veículos autónomos justifica a confiança das pessoas.
Apesar do sucesso da Tesla junto da comunidade de entusiastas, há ainda um longo caminho a percorrer até ser possível ter veículos autónomos em escala nas estradas, excepto os testes que têm decorrido e que já foram motivo de críticas por terem estado envolvidos em acidentes.
"A conectividade e automação são uma promessa para melhorar a segurança nas estradas", referiu o secretário geral do ITU, Houlin Zhao. A rede 5G, devido à velocidade de conexão e capacidade de transferência de grandes quantidades e dados com latência próxima do zero, é crucial para que os veículos possam circular, comunicar e receber instruções em tempo real.
Já Bryn Balcombe faz a questão e dá a resposta: Deverá haver um equivalente ao teste de Turing para a Inteligência Artificial nas nossas estradas? Absolutamente! especialmente quando todos os condutores, humanos ou Inteligência Artificial, precisam de uma compressão partilhada para prever o comportamentos e riscos".
A confiança pública só estará assegurada se o software for "tão bom ou melhor" do que o esperado de um condutor humano. O teste de Turing proposto poderá ser a base de uma Carta de Condução para a Inteligência Artificial.