Relógios, óculos e até roupa inteligente. Para que servem todos estes wearables?
Para o consumidor, estes são gadgets dignos de uma viagem ao futuro, mas para as empresas podem significar novas formas de chegar aos clientes e até de melhorar a produtividade interna.
Nunca o mundo evoluiu e transformou-se de forma tão rápida quanto hoje. O século XXI foi, durante longos anos, visto pelas gerações das décadas de 60 e 70 como a chegada do capítulo que mudaria, para sempre, a sociedade que conheciam. Falava-se em carros voadores, cidades moldadas por um futuro de cores garridas, luzes e muitos, mesmo muitos gadgets cuja função era, ainda, difícil de antever.
Eternamente citados como exemplos de filmes que, de alguma forma, previram inovações que hoje conhecemos como tablets, hoverboards e até ténis cujos atacadores funcionavam autonomamente, Star Trek: The Next Generation e O Regresso ao Futuro II são prova disso mesmo. Embora exista quem se dedique a discutir a paternidade destas inovações – entre a imaginação sem limites dos argumentistas e a inovação tangível pela evolução do poder tecnológico -, certo é que até recentemente poucos eram aqueles que sonhavam com o surgimento deste tipo de dispositivos na vida real. Mas eles chegaram.
Talvez por isso seja quase tão difícil para a geração Z imaginar um mundo em que computadores com menos poder de processamento do que um smartphone ocupavam salas enormes. Quase tão difícil como para as gerações dos 60’ e 70’ imaginarem que, em 2019, seria possível vestirem peças de roupa inteligentes, com ligação à Internet e poder medir batimentos cardíacos ou níveis de stress. É o Admirável Mundo Novo da Tecnologia, sejam bem-vindos.
Vamos vestir tecnologia?
A pergunta é retórica porque a resposta, essa, é óbvia: já vestimos. Chamam-se wearables e são dispositivos eletrónicos pensados e desenhados para serem usados no corpo. Assumem diferentes formas, desde os já soberbamente conhecidos smartwatches às pulseiras de fitness, passando pelos smartglasses. De forma genérica, têm em comum mais ou menos o mesmo tipo de funções – permitem ligações aos smartphones, atendimento de chamadas, gestão de agendas e uma panóplia de medições relacionadas com a saúde e o desporto.
Entre todos estes, são os relógios inteligentes e as pulseiras de fitness os aparelhos que mais sucesso fizeram, e fazem, junto dos consumidores. Aliás, de acordo com dados da consultora IDC, são precisamente estes dois que representam 95% de todos os wearables vendidos no mundo. Apesar deste número, a verdade é que esta é uma categoria que não cresceu tanto como o mercado antevia, o que em grande medida se deve ao facto de serem apenas extensões, ou acessórios, dos smartphones e não acrescentarem funcionalidades completamente novas ou revolucionárias.
Números da IDC referentes às vendas de 2015 em Portugal mostram que, ao longo de todo o ano, foram comercializadas apenas 29 mil unidades nesta categoria, o equivalente a 321 aparelhos por dia. Quando comparamos com os dados da procura por smartphones, a proporção sobe em flecha para 8000 dispositivos vendidos por dia.
Ainda assim, os wearables têm muito para oferecer, principalmente quando olhamos para as áreas da saúde e do desporto, mas também para a organização interna das empresas. Como? Vamos descobrir ao longo das próximas linhas.
iDoctor e as análises do futuro
Enquanto os três maiores mercados internacionais para os wearables são a China, os Estados Unidos e a Índia, a saúde e o desporto são, seguramente, as duas áreas de foco para a grande maioria dos utilizadores desta tecnologia. No campo médico, as pulseiras e os relógios têm vindo a ajudar a facilitar a vida de alguns doentes, como aqueles que sofrem de diabetes, perturbações no sono ou problemas relacionados com o sistema cardíaco.
Para os diabéticos, por exemplo, existem dispositivos que permitem – ainda com agulhas como acessório – controlar a necessidade de insulina no corpo e os níveis de glicose no sangue. De forma ainda mais prática e simples, servem também para monitorizar dados sobre horas e a qualidade do sono, ou ainda para medir a frequência cardíaca e os níveis de stress.
No mundo do desporto, que tem vindo a crescer com a moda das bicicletas, do jogging ou do fitness, algumas das funções são as mesmas, mas usadas para propósitos diferentes. Torna-se, assim, mais fácil para um desportista seguir um plano de fitness, verificar quantas calorias eliminou com um determinado plano de treinos ou o número de passos que deu ao longo do dia.
Aliando um plano de negócios às funções já criadas pelos dispositivos wearables, nasceu a SUPA, uma app que promete corresponder às necessidades dos utilizadores e aos objetivos de empresas que precisam dos dados gerados para melhorar produtos ou definir melhores estratégias de marketing. Depois de sucessivos escândalos que envolvem a privacidade dos utilizadores e a falta de transparência das empresas que os recolhem, esta parece ser uma aplicação que encontra o meio-termo e que permite que ambas as partes ganhem.
No fundo, o que os criadores da aplicação móvel fizeram foi desenvolver uma plataforma que permite aos utilizadores monitorizar uma série de parâmetros – aqueles já mencionados, mas também dados biométricos – e armazená-los numa espécie de processo médico individual. Isto permite, segundo os responsáveis, que as pessoas possam guardar dados sobre a sua saúde e hábitos de vida que, mais tarde, podem ser usados para melhores diagnósticos médicos. Em troca, os utilizadores recebem pontos que podem transformar em dinheiro, produtos ou experiências.
Do outro lado da mesa estão, obviamente, as empresas que precisam de todos esses dados. São essencialmente organizações dos setores da saúde, marcas de desporto ou da moda que compram estas informações e utilizam-nas sem nunca saberem a sua proveniência. Ou seja, recebem a utilidade dos dados, mas não conseguem rastrear essas informações até à sua origem devido à utilização de mecanismos de blockchain que garantem a privacidade.
E que utilidade podem ter nas empresas?
Embora seja verdade que a utilização de dispositivos wearables tem sido, até agora, essencialmente feita por utilizadores individuais entre os 25 e os 44 anos (em conjunto representam 57,6% do mercado, segundo dados de 2017 do Statista), estes aparelhos têm, também, potencial para alguns negócios. De forma mais ou menos massiva, tudo depende da imaginação das empresas e da experiência que pretendem criar para colaboradores ou clientes.
Um dos melhores exemplos de utilização no mercado empresarial está ligado ao atendimento ao cliente. Imagine que o seu negócio tem uma rede de lojas físicas abertas ao público e que precisa de melhorar indicadores de performance relacionados com o atendimento – uma das soluções pode passar pela adoção de óculos inteligentes, que permitiriam que um funcionário tivesse toda a informação de um determinado cliente projetada numa das lentes, com histórico de compras/serviços, reporte de problemas técnicos ou até com dados de faturação. Tudo isto de forma imediata e instantânea, projetada nos óculos de forma invisível ao cliente.
Por outro lado, é também possível tirar partido desta tecnologia para criar experiências únicas aos seus clientes, nomeadamente quando falamos no setor do retalho. À semelhança do que os provadores digitais fizeram pelas lojas de roupa, também os óculos inteligentes podem ter um papel importante na estratégia de outros negócios. Uma das formas pode passar pela disponibilização destes dispositivos aos clientes quando entram numa loja para que possam circular pelos corredores e receber toda a informação que precisam sobre produtos diretamente nas lentes. Dados como preços, variação de modelos, funções e características dos produtos são algumas das possibilidades. Em troca, as lojas ganham um elevado número de dados sobre a forma como os clientes percorrem as instalações, para que produtos olham e como reagem a eles.
A mesma lógica pode ser aplicada internamente na estrutura de uma empresa. Uma equipa de comerciais, que está frequentemente fora do escritório, pode ser equipada com smartwatches para melhor gerir a sua agenda, enquanto permite a localização em tempo real dos recursos humanos da empresa. Ou até mesmo em ambiente de produção, numa fábrica em que os colaboradores passam a estar equipados com wearables que comunicam com as máquinas e recolhem dados sobre produtividade.
Uma outra forma de tirar partido destes dispositivos pode ser, como já existem alguns exemplos, na utilização de pulseiras inteligentes para o processamento de pagamentos automáticos. À semelhança do que já acontece com os cartões de débito com tecnologia contactless, o mesmo tipo de ações pode ser realizada de forma prática com uma pulseira – pode servir como forma de pagamento bancário, como chave de acesso a clubes de fitness ou às instalações da empresa, no caso de funcionários.
No fundo, as possibilidades que os wearables permitem dependem da imaginação das empresas e dos objetivos que pretendem atingir, seja internamente com os seus colaboradores ou externamente com os seus clientes. Neste último caso, nem sempre a utilização destes dispositivos será uma grande mais-valia do ponto de vista prático, mas muitas vezes útil como ferramenta de marketing. Tudo depende da experiência que pretende criar.
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