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Será que há menos confiança nas redes sociais?

Será que há menos confiança nas redes sociais?

O caso que envolveu o Facebook e a Cambridge Analytica explodiu num escândalo que levou Marck Zuckerberg a responder perante o Senado norte-americano e deixou os utilizadores desta rede social (em todo o mundo) com um olhar de maior desconfiança.

 

O Facebook "prometeu" reforçar as medidas de segurança e proteção de dados e isso refletiu-se com a obrigatoriedade de aceitação dos novos termos e condições e políticas de privacidade. Chegou-se mesmo ao extremo de, ao não aceitar determinadas opções, a única alternativa seria apagar a conta e deixar de ser utilizador do Facebook.

 

É comumente aceite que as redes sociais, em especial o Facebook, permite o contacto e interação das pessoas no mundo virtual. E que, em muitos casos, há pessoas que voltaram a "encontrar-se" ao fim de diversos anos afastados. No outro lado, há os que defendem que agora ninguém se dá ao trabalho de combinar um encontro presencial pois estão constantemente em contacto no mundo virtual.

 

O tema é complexo e, com o tempo, com os abusos e casos suspeitos, a desconfiança tende a aumentar. Afinal, quando se coloca em cima da mesa o tema da segurança e privacidade, todos gostam de manter a sua vida privada longe dos holofotes.

 

Cerca de metade dos utilizadores (52%), afirmam estar mais preocupados com a sua privacidade online do que estavam no ano anterior

 

O facto do escândalo com o Facebook ter rebentado muito próximo da data limite para entrar em vigor o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados (que se aplica apenas à Europa e a dados de cidadãos europeus com os quais empresas de todo o mundo possuam qualquer tipo de relação comercial) ajudou ainda mais a esta perda de confiança.

 

Existem diversos estudos que mostram isto mesmo. Um deles, desenvolvido pela Top10VPN.com, focado nos utilizadores britânicos, diz mesmo que os "britânicos estão rapidamente a perder a confiança nas redes sociais".

 

De acordo com os dados deste estudo, cerca de 52% das respostas indicam que confiam menos nas redes sociais do que no ano anterior. Isto leva a que 24,7% passem menos tempo nas redes sociais e 22% afirmam mesmo que estão a remover alguma informação pessoal das suas contas.

 

Tabela: Nível de confiança nas Redes Sociais em relação a 2017

Top10VPN.com

Fonte: Top10VPN.com

 

Apesar de ser uma percentagem pequena, no lado mais extremista, 6,4% asseguram que estão a apagar todas as suas contas e redes sociais. No escalão etário entre os 16-24 anos, mostram-se mais preocupados com esta questão da segurança com cerca de 64,9% a afirmar que planeiam alterar a forma como interagem com as redes sociais.

 

Mas há mais. De acordo com o barómetro anual da Edelman Trust, apenas um em cada quatro britânicos confiam nas redes sociais e os utilizadores afirmam que gostariam de ver aplicadas regras mais apertadas ao nível da regulação.

 

Cerca de dois terços dos britânicos acreditam mesmo que plataformas como o Facebook e Twitter não estão a tomar medidas suficientes para prevenir comportamentos ilegais e pouco éticos incluindo o ciber-bullying e ações extremistas.

 

Gráfico: O que pensam os britânicos das redes sociais

 

Fonte:  Barómetro Eldman Trust

 

Apesar dos dados deste estudo se focarem no mercado britânico, esta é uma tendência que pode espalhar-se um pouco por todo o mundo. Prova disso é o estudo "2018 CIGI-Ipsos Global Survey on Internet Security and Trust" com base num inquérito a cerca de 25,262 utilizadores de Internet em 25 países.

 

Portugal não entrou nestas contas: Austrália, Brasil, Canadá, China, Egito, França, Alemanha, Grã-bretanha, Hong Kong (China), Índia, Indonésia, Itália, Japão, Quénia, México, Paquistão, Polónia, Rússia, África do Sul, Coreia do Sul, Suécia, Tunísia, Turquia e Estados Unidos da América.

 

Cerca de metade dos utilizadores (52%), afirmam estar mais preocupados com a sua privacidade online do que estavam no ano anterior. E para 81% os cibercriminosos são o principal foco de preocupação. Cerca de 63% de utilizadores sentem que as redes sociais possuem "demasiado poder". Mais uma vez, o caso Cambridge Analytica contribuiu muito para esta sensação de domínio das redes sociais. 

 

Gráfico: Quais as principais preocupações? (%)

 

 

 Fonte: 2018 CIGI-Ipsos Global Survey on Internet Security and Trust

 

Por onde andam os mais jovens? 

Por mais estudos que sejam feitos, dificilmente a tecnologia será afastada do dia a dia das pessoas em todo o mundo. Mesmo nos países considerados como "Terceiro Mundo", a tecnologia e a Internet têm um papel preponderante. Foi a Internet que permitiu a Primavera Árabe e é a Internet que, do lado mais negro, permite a existência de conteúdos violentos, extremistas, racistas e sem qualidade.

E, apesar de ser normal as empresas aproveitarem a onda para lançar as suas campanhas de marketing, é normal, com o tempo, haver um acerto que irá repor as coisas com algum nível. Afinal, qual é a marca que gosta de se ver associada a conteúdos impróprios?

 

Por exemplo, até recentemente, o Facebook dominava o mundo virtual entre os jovens americanos (e por todo o mundo), mas, de acordo com um estudo da Pew Research Center survey, esta já não é a plataforma mais popular no mundo dos jovens americanos.

 

O YouTube, Instagram e Snapchat são as plataformas digitais mais populares entre as classes etárias mais jovens. Será bom lembrar que cerca de 95 por cento dos jovens têm acesso a um smartphone e 45 por cento afirmam, neste estudo, que estão online "quase constantemente".

 

Gráfico: % de jovens dos EUA dizem que usam...

 

Fonte: Pew Research Center survey

 

Gráfico: % de jovens dos EUA dizem que usam mais frequentemente

 

Fonte: Pew Research Center survey 

 

Refere este estudo que, "notavelmente, os jovens de famílias com menores rendimentos são os mais prováveis utilizadores do Facebook". Nas famílias com maiores rendimentos, esta tendência é de descida entre os jovens norte-americanos.

 

Sete em cada 10 jovens que vivem em famílias com rendimentos inferiores a 30 mil dólares anuais afirmam que usam o Facebook comparado com os 36 por cento que usam menos e cujo rendimento familiar é de 75 mi dólares ou mais. 

 

Gráfico: % de jovens que usam Facebook por valor de rendimento familiar anual

 

 Fonte: Pew Research Center survey

 

Para estes resultados contribui, e muito, o facto de estar na moda a popularidade dos youtubers. Atualmente, uma grande maioria dos jovens olham para o seu futuro como sendo "youtubers de profissão". A galinha dos ovos de ouro que, atualmente, torna milionários alguns jovens por esse mundo fora, graças às marcas que investem os seus orçamentos de marketing para estarem junto da popularidade destes jovens, considerados os influenciadores de toda uma geração, pode terminar com a mesma rapidez com que surgiu. A questão que se coloca é: até quando vai durar a moda?

 

A moda e a mudança de hábitos

A informação já não é proprimente nova, e já há muito que se fala do afastamento dos jovens do Facebook. São as modas das novas gerações que mudam à velocidade da evolução tecnológica. O que hoje é um sucesso, amanhã pode ser um fracasso. E, apesar deste último estudo se debruçar no mercado norte-americano, as modas tendem a ultrapassar o Atlântico.

 

E por cá, também já se fala do afastamento dos mais jovens do Facebook. Afinal, preferem estar noutras redes, menos frequentadas pelos pais.

 

Por isso, neste mundo em constante mudança, é muito importante as empresas estarem preparadas e saber adaptar-se rapidamente aos novos desafios. A estar presentes onde o público está mas, por outro lado, saber colocar as fichas nos locais certos.

 

A aposta no conteúdo de valor é uma das mais valias para as empresas mas é preciso distinguir valor de popularidade, um factor mais efémere e que rapidamente é substituído por outro. Afinal, aquilo que surge de forma simples, desaparece da mesma forma!

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